Uma tecnologia revolucionária. Assim é considerado o 5G. A nova era da conectividade já começou na capital federal: Brasília. Em Belo Horizonte, a expectativa é de que as conexões sejam iniciadas ainda neste mês. No entanto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) lembra que, via de regra, as metrópoles devem ter o serviço até 29 de setembro. O adiantamento do prazo e, até mesmo, a postergação dependem das condições nas frequências em que o sinal funciona, conforme informa o órgão.
Enquanto a tecnologia não chega, 89,99% dos moradores mineiros, de 853 municípios, contam com o 4G. Os dados da Anatel também mostram que o Distrito Federal (99,66%), São Paulo (98,78%) e Rio de Janeiro (98,40%) lideram com a maior faixa coberta.
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O próximo estado do ranking, Goiás, tem 92,40% no mesmo índice. Minas Gerais é o 12º a aparecer no mapa de cobertura. O Piauí, hoje, ocupa o último lugar, chegando a 73,78% da população.
Contudo, até mesmo dentro do Estado de Minas Gerais há diferenças de cobertura. No município de Olhos D’Água, localizado 100 quilômetros ao sul de Montes Claros, a cobertura chega somente a 3,46% da área do município. Ainda assim, a faixa do 4G alcança 56,28% dos moradores.
O destaque está no município de Santa Cruz de Minas. No local, 100% do território é coberto pelo 4G, o que também significa a totalidade dos moradores atendidos. Contagem, Belo Horizonte, Vespasiano, Confins e Ibirité também se destacam, com coberturas acima de 99%. Vale ressaltar que alguns outros municípios também atendem a mais de 99% dos moradores, o que dependerá da densidade demográfica.
Perguntas sobre o 5G
Enquanto os belo-horizontinos não experimentam a novidade, as perguntas que pairam no ar são muitas: “Faz sentido implantar uma nova tecnologia sendo que o 4G não chegou a todas as famílias? Na prática, o que o 5G muda na minha vida?”
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Os questionamentos são comuns e o gerente de Treinamento e Educação Continuada do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Fred Trindade, deixa os conceitos mais próximos das pessoas.
Trindade explica que o 5G traz uma inovação muito grande a partir da estrutura como a rede é montada. Atualmente, as redes de acesso às tecnologias de conectividade são lembradas pelas torres de sinais para celulares.
De forma resumida, elas se conectam com redes de fibra e com os chamados núcleos de rede. E é exatamente nos núcleos que a mudança acontece no 5G, já que ali está o processamento dos dados.
Rapidez na troca de informações é, portanto, a expressão que em um primeiro momento responde às mudanças da implantação da rede.
“É no núcleo de rede que tudo acontece. E o 5G tem uma grande diferença porque as soluções de núcleo de rede são virtualizadas. Quando você descentraliza o núcleo de rede, você tem um tempo de resposta mais rápido. E ela é disruptiva porque você tem uma capacidade de trocar dados cem vezes maior que no 4G”, explica o Trindade.
Baixa latência e indústria
Mas a rapidez é apenas uma primeira característica. O gerente do Inatel lembra que a mágica está na baixa latência, realidade que torna o tempo de resposta muito baixo e permite novas soluções em tempo real. Em exemplos práticos, haverá a possibilidade de um carro autônomo dentro de uma cidade receber comandos rápidos para identificar uma pessoa e parar a tempo de não tocá-la. As cirurgias a distância também se tornarão mais seguras.
Para a indústria, um terceiro elemento pode alavancar os negócios e permitir que a automação ganhe cada vez mais espaço. No 5G, é possível que um volume de dispositivos estejam conectados em uma mesma célula.
Trazendo o conceito para a vida real, isso significa que os milhões de sensores existentes em uma indústria poderão ser controlados com mais confiabilidade e agilidade.
Diante desse cenário de possibilidades, Trindade pontua que a computação avançou ao longo dos últimos anos. A chegada da conectividade capaz de sustentar automações e inovações deve trazer ganhos em um período de cinco anos, conforme projeções.
Como fica o 4G?
Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), afirma que vale a pena avançar no 5G. O motivo para isso, segundo ele, é simples: “O Brasil não pode ficar para trás na evolução mundial”. Ele também acrescenta que o 4G não perdeu a sua utilidade, sendo que, até mesmo em países desenvolvidos, o 4G não é universal.
“Durante a pandemia (da Covid-19), nós aprendemos a ter outra relação com a conectividade. Ficamos mais remotos e nos inserimos na vida digital. E foi o 4G que viabilizou o teletrabalho, as aulas on-line, as compras em aplicativos. E essa tecnologia continuará fazendo a diferença nas periferias e áreas rurais, levando desenvolvimento social e econômico”, lembra Stutz.
O presidente da Abrintel ressalta que o leilão do 5G impôs uma série de compromissos para que o 4G chegasse aos municípios e/ou áreas onde ele ainda não é uma realidade. Afinal, o calendário de implantação do 5G previsto pela Anatel prevê que a tecnologia chegue até 2029 a todos os municípios.
A mancha de cobertura do 4G deve chegar, portanto, a 7 mil localidades brasileiras, conforme aponta o presidente da Abrintel. Além disso, 391 municípios deverão contar com 4G em suas sedes (prefeituras) e em locais de uso público: praças, coretos e outros pontos.
Stutz avalia que a chegada do 4G a esses locais irá permitir a entrada das pessoas na economia digital. Enquanto isso, os avanços trazidos pelo leilão e o edital da Anatel permitirão também que milhares de quilômetros de estradas sejam conectadas, o que significa mais segurança para os trabalhadores, complementa o presidente da Abrintel.